quinta-feira, 20 de março de 2014

Introdução:

Rio de Janeiro, 01 de Maio de 1918.


Uma chuva torrencial desabava sobre a Cidade Maravilhosa; encobrindo a estátua do Cristo Redentor e deixando as ruas praticamente desertas; prejudicando as comemorações programadas para celebrar o Dia do Trabalho...

Uma quarta-feira como tantas outras...

Mas não para aquelas duas mil pessoas reunidas na região portuária da Capital Federal...

Oito navios militares atracados ao cais, esperando o embarque das tropas brasileiras; que bravamente embarcariam rumo à Europa para lutar ao lado dos países Aliados contra a Tríplice Aliança (formada pelos Impérios Alemão, Austro-Húngaro e Otomano)...

A banda marcial do Exército brasileiro tocava marchas alegres; em contraste com o choro dos amigos e familiares que se despediam dos pouco mais de 500 bravos guerreiros; que dentro de instantes, partiam em direção à Grande Guerra...

As autoridades políticas apressavam-se em seus discursos no palanque, exaltando a coragem e a bravura destes homens e mulheres que estavam de partida; e cerca de cinquenta padres caminhavam entre as tropas, espalhando a comunhão e abençoando-os com respingos de água benta...

Em algum lugar ali perto, você (escolha um jogador, preferencialmente um dos cariocas) confere seu equipamento, enquanto sua mãe chora ao seu lado - enxugando as lágrimas com um lenço branco. Você tenta acalmá-la, afinal, já é um homem feito e chegou a hora de partir para a Guerra...

Neste momento vem à sua mente a lembrança de seu pai...

A imagem de um homem alto e carrancudo sentado na varanda e olhando para o horizonte...

Mas a verdade é que seu pai nunca parava em casa. Ele estava sempre longe, no sertão, em busca do "remédio para sua pobreza" (como ele havia escrito em seu testamento). No sertão seu pai ganhou a vida... e acabou encontrando a morte!

Mas agora era sua vez de partir...

Você iria muito além do sertão brasileiro...

E com você tudo seria diferente!

- P-por favor... meu filho amado! Não vá! Fique aqui comigo!

Com o coração apertado, você abraça sua mãe, tentando confortá-la:

- Eu vou voltar, mãe! Cuide da casa e dos meninos, que em breve, eu estarei de volta!

Olhando nos seus olhos (como se estivesse fazendo isso pela última vez), sua mãe murmura:

- Seu pai me disse exatamente a mesma coisa...

Neste momento, o Almirante Pedro Max Fernando de Frontín (líder da Divisão Naval de Operações de Guerra - DNOG) terminou seu discurso; e a multidão entrou em frenesi - com gritos e aplausos; quando as cornetas anunciaram a hora de embarcar nos navios...

Sua mãe se afasta lentamente...

Virando-se para trás, com um aceno tímido, você se despede dela...

E da cidade onde nasceu e cresceu...

E que talvez nunca mais volte a vê-la...

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