quinta-feira, 20 de março de 2014

Capítulo 03

Gibraltar (Reino Unido), 07 de Junho de 1918.


Exatamente 38 dias após a partida do Rio de Janeiro; finalmente os quatro navios da DNOG cruzam o Estreito de Gibraltar e adentram o Mar Mediterrâneo...

E no final de tarde agradável desta sexta-feira, com um belíssimo pôr-do-sol sob as águas tranqüilas que circundam a península de Gibraltar; os dez pilotos brasileiros pisam na Europa pela primeira vez em suas vidas...

Diferentemente do que viram em Dakar, o porto de Gibraltar era bem cuidado – estruturas metálicas reforçadas; armazéns organizados e limpos; poucas tavernas e nenhuma prostituta ávida pelo dinheiro dos marinheiros...

O Almirante Frontín, acompanhado de um homem sério (vestindo uma farda elegante azul marinho, com inúmeras medalhas sobre o peito; e apesar de jovem – não aparentando ter mais do que 40 anos; demonstrava uma arrogância tipicamente britânica); faz um sinal para que o grupo de aviadores se aproxime:

Num inglês impecável, o Almirante brasileiro os apresenta:

- Lorde Dalton, estes são os bravos pilotos do Brasil que atenderam ao apelo do Rei George V e lutarão ao lado da Royal Air Force contra a opressão da Tríplice Aliança! Garanto-lhe que são leais e extremamente competentes; e a partir deste momento, serão igualmente leais à Coroa britânica... Senhores, apresentem-se ao Lorde Dalton!

Lorde Dalton ouve em silêncio as apresentações dos dez pilotos; olhando-os com desprezo e visivelmente irritado. Ao final, diz:

- Sejam bem-vindos à Gibraltar... Sou Andrew Dalton, Tenente-Coronel da Royal Air Force e comandante em exercício da Base Aérea de Gibraltar... Os senhores receberão treinamento de guerra e passarão a integrar a esquadra do Capitão McGreen a partir de segunda-feira. Sugiro que aproveitem sua estadia e aprendam rapidamente como funcionam a estrutura e a rotina de uma base aérea britânica... Alguma pergunta?

Após as perguntas dos jogadores, os Oficiais indicam os Jeep’s que os levarão até a base aérea; e seguem em direção aos demais grupos de militares brasileiros que servirão às tropas britânicas em Gibraltar...

Os Jeep’s têm capacidade para transportar quatro passageiros e um motorista – que assim como Lorde Dalton, mostra-se cortês ao responder alguma dúvida (mas com uma arrogância e prepotência difícil de engolir). Os três veículos seguem lentamente pelas ruas perfeitamente pavimentadas da pequena cidade de Gibraltar (cerca de 5.000 pessoas viviam neste território britânico); e logo seguem por uma estrada de terra – em direção à Base Aérea!

São 10 minutos de poeira e solavancos... até chegarem ao portão duplo, guardado por quatro soldados britânicos (segurando fuzis e usando máscaras de gás assustadoras)!

Ao norte da “Rocha”; bem próxima à fronteira com a Espanha; ficava a Base Aérea de Gibraltar – composta por uma longa pista de pouso e decolagem; quatro galpões enormes que funcionavam como hangares; e dois edifícios – um destinado para o alojamento, refeitório e entretenimento dos soldados; e outro menor, onde havia a sala de reuniões e estratégias (além dos luxuosos alojamentos dos Oficiais de alta patente).

Tão logo os veículos estacionam, um indivíduo baixinho, bem gordo, usando uma farda parecida com a do Lorde Dalton (mas claramente mais apertada e com menos condecorações); de cabelos e barbas ruivas; se aproxima sorridente:

- Sejam bem-vindos à Gibraltar, brasileiros! Sou o Capitão McGreen e serei sua “babá” pelos próximos meses! Somos uma unidade pequena, com apenas trezentos homens – dos quais só cinqüenta sabem voar! Por isso, o reforço de vocês, protegendo os céus da Europa contra a tirania dos comedores de chucrute é muito bem vinda! Venham... tragam suas tralhas para o alojamento e descansem um pouco! Como vocês atrasaram no desembarque, excepcionalmente hoje serviremos o jantar às 21:00 horas... mas não se acostumem com regalias, hein? Os outros rapazes estão ansiosos para conhecê-los!

Apesar da calorosa recepção do Capitão McGreen... não havia simpatia ou boa vontade em nenhum outro rosto dos militares britânicos! Pelo contrário: todos olhavam com desprezo para os pilotos brasileiros (principalmente para os de pele mais escura)...

Após o jantar, todos voltaram para o alojamento – composto por 100 beliches espartanos espalhados por um galpão do tamanho de um hangar, com mais de 300 armários de metal espalhados nas paredes (sendo que cada brasileiro ganhou a chave de um deles para guardar seus pertences). As luzes se apagaram pontualmente às 22:00 horas...

Para reacenderem às 05:00 da manhã; despertando-os ao som do hino britânico; convocando-os para a cerimônia de hasteamento da bandeira do Reino Unido (conduzida por Lorde Dalton e pelo Capitão McGreen).

No sábado, os pilotos e boa parte dos membros da Base Aérea estão de “folga” – e costumam aproveitar na cidade de Gibraltar ou nas cidades litorâneas próximas da Espanha ou do Marrocos (do outro lado do Estreito). Mas McGreen orientou os brasileiros a permanecerem na Base para receberem e testarem seus aviões...

É hora de voar, rapazes!


Como este primeiro vôo é apenas de teste; a Base Aérea fornecerá apenas METADE do Combustível de Avião (20); suficiente para um vôo de duas horas – ou seja: dá para chegar (e voltar) de Sevilha (ao norte); Cádiz (à oeste); Málaga (à leste); ou Tanger (ao sul). E como a Espanha e o Marrocos permanecem “neutros” na Grande Guerra; será um vôo realmente tranqüilo... só curtindo o vento no rosto e nas asas dos aviões!

Se optarem por voar pela Espanha... nada de anormal acontece!

Porém, se o grupo voar para o sul e entrar no território marroquino; em determinado momento, peça para o grupo fazer um teste de PERCEPÇÃO + PRONTIDÃO (Dificuldade 09). Aqueles que obtiverem Sucessos verão o que parece ser uma pista de decolagem improvisada no meio das dunas do Saara. E se testarem INTELIGÊNCIA + MILITARES (Dificuldade 08); perceberão a proximidade deste local com um casebre com um celeiro enorme às margens de um oásis...

Como voar:

O piloto deve fazer um teste de DESTREZA + PILOTAGEM (Dificuldade 06) para decolar. Ele deve repetir esse teste a cada hora de voo (ou seja: após o consumo de 10 unidades de Combustível do Avião). Já a aterrizagem é um pouco mais complicada (Dificuldade 07). Evidentemente, em situações extremas (como vôos noturnos, com muito vento, chuva ou neve, o Narrador deve fazer os ajustes de Dificuldade: +1 ou +2)...


No domingo, ao reencontrarem o Capitão McGreen; os brasileiros poderão alertá-lo sobre a estranha pista de vôo no deserto marroquino (se a encontraram). Ele pedirá ao grupo voltar ao local – desta vez acompanhado por 20 aviões britânicos... mas mesmo encontrando o oásis e o casebre; não haverá nenhum sinal da pista de decolagem!

Isto, obviamente, não ajudará os brasileiros a serem “respeitados” entre seus colegas – que ainda os consideram “inúteis macacos das florestas tropicais”...

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